Looks da Moda : coleção inédita mãe e filha
Renata Vavolizza criou há um ano, em plena pandemia, a marca PePeLeTa, a partir do livro
lançado no mês de maio/21. Os dois projetos eram sonhos adormecidos que se concretizaram
inspirados pela maternidade e a necessidade de reinvenção profissional.
E quando a maternidade te faz gerar, além de filhos, sonhos?
Foi o que aconteceu com Renata Vavolizza, de 40 anos, designer e empreendedora, quando há dois, tornou-se mãe de Violeta. Mesmo já trabalhando há 20 anos na área de design industrial, com 16 de experiência em moda, ela sentiu necessidade de compartilhar seus estudos sobre sustentabilidade, e assim surgiu “Design sustentável para a moda: uma abordagem sistêmica para a indústria têxtil e de confecção’, que terá lançamento em 13 de maio, via Instagram da marca PePeLeTa, às 20h.
“A obra aborda a sustentabilidade no universo da moda com embasamento científico e aplicação prática, comprovada com o surgimento da minha marca, a PePeLeTa”, detalha Renata, que como ‘bônus’ ainda oferece oportunidade a outras mães empreendedoras através da label.“O livro oferece um panorama extenso sobre o que é sustentabilidade na moda. Ele sintetiza a forma que a indústria trabalha e apresenta possibilidades concretas, a aplicação prática, de forma otimista. Conseguimos perceber que é possível projetar produtos e serviços através dessa área de conhecimento. É possível projetar o produto desde o seu nascimento até a sua desmaterialização de forma sustentável. Não é um sonho ou ideal distante. É um livro que te guia para o entendimento de que é possível fazer novos negócios, novos produtos e serviços para a moda, em que o sistema completo seja reprojetado, para que a gente não fique simplesmente repetindo as coisas só porque sempre foram feitas assim. Para se ter uma ideia, ainda temos práticas em indústrias vindas da época do início da Revolução Industrial. Ainda trabalhamos como uma visão repetitiva, sem questionar se poderia ser feito diferente”.
Para o Dias das Mães 2021, a marca lança a Coleção Borboleta para atender as demandas maternas por uma moda com mais liberdade e inclusão. “Moda é comportamento e seguimos a identidade da produção das peças para as crianças. Falando das coleções da marca, fazemos questão de classificar por faixas etárias, que significam as fases da criança, como por exemplo, a Coleção Sapeca, para crianças de 1 a 3 anos, e a Coleção Espoleta (4,6,8 e 10 anos).
O objetivo é fazer produtos que tenham a ver com os estudos de anatomia e desenvolvimento. Para as mães também seguimos essa linha”, explica Renata. “São produtos com a mesma lógica de raciocínio: com peças pensadas para a anatomia delas e para a liberdade, oferecendo possibilidades de utilização. Um lifesyle de praia, mas que possa estar em outros lugares, com um estilo mais livre, confortável. A ideia não é vestir mãe e filha iguais, mas preservar a identidade nos elementos criativos das peças. A maternidade nos muda, de muitas formas, inclusive fisicamente, claro. O que fazemos é dizer através das peças: “você não é a mesma, mas está tudo bem e é linda exatamente como é”. É a ideia de aceitação, já que procura atender a essas demandas femininas”.
E completa sobre a coleção nova: “O nome, ‘Borboleta’ veio de uma linda, que surgiu no dia do ensaio com as peças. E ela me remeteu a todo meu processo de transformação profissional, como pessoa, que teve que existir, para a marca existir. A Coleção Borboleta representa essa metamorfose feminina constante e muito impulsionada pela maternidade”.
Uma sobe e puxa a outra
A PePeLeta foi desenvolvida em 2019, mas foi lançada no Dia das Mães do ano passado. “Foi um processo difícil, porque ficamos na dúvida em abrir um negócio no meio da pandemia. A realidade de mercado não era favorável. Tivemos que readequar o plano de negócios. Uma das mudanças, é que estava programado para que as mães empreendedoras levassem as peças para outras mães, consumidoras, que tivessem dificuldades em sair de casa, com a rotina. Mas como fazer isso num cenário de pandemia? Não dava. E isso seria uma das principais formas de comercialização. Além das lojistas mulheres. Hoje, temos as mães empreendedoras que trabalham conosco, em diferentes funções na cadeia de produção e comercialização, já são 20, mas a forma de levar o produto ao cliente mudou. Empreender neste panorama, é entender o cenário dia a dia: pensando, planejando e construindo a semana seguinte. A gestão precisa ser ágil para se manter”, aconselha.
Sobre a capacidade de adaptação dentro do cenário de pandemia da Covid-19, Renata comenta: “Hoje nossa estrutura conta com um showroom para aqueles que desejam conhecer o produto e para as reuniões. Também temos a parte de desenvolvimento criativo e das peças piloto de linha, onde são feitas as peças únicas, com desenhos personalizados, que chamamos de ‘pepeletice’. Além do fundamental ‘espaço de brincar’, gerido por outra mãe empreendedora, em uma casa anexa, em que ficam a minha filha, com outras crianças, filhas e filhos de mães empreendedoras. Não é uma escola, é um espaço seguro no meio disso tudo, não convencional, com quase todas as atividades ao ar livre, um espaço para brincar. A ideia é criar esse ecossistema, em que um negócio nutra o outro, para sobreviver e se desenvolver, dando suporte às mães no meio da pandemia. A marca trabalha a união do feminino. Na indústria têxtil de confecção, grande parte da mão de obra é de mulheres. Então, trazemos um pouco dessa possibilidade delas se desenvolverem profissionalmente, mas também de poderem protagonizar sua história profissional”.
O maior afeto do mundo como combustível
Renata sabe que sua história pode inspirar muitas mulheres e isso impulsiona sua trajetória e o desejo de compartilhar. “Antes de fundar a marca, coordenava duas graduações e atendia em seu escritório. Gostava do que fazia, mas desejava muito empreender, sonhava com isso. Quando pausei a vida para ter minha filha, busquei possibilidades e surgiu a ideia de realizar isso dentro do que eu conhecia, mas que pudesse também trabalhar essa relação da maternidade, que foi algo que impactou muito a minha vida”, lembra a designer. “Também percebi que projetaria roupas de criança totalmente diferentes das que tinham por aí. Sem esteriótipos, que respeitassem as crianças como são. A Violeta trouxe a inspiração e a coragem para ir além, realizar meus sonhos”.
Ela revela ainda, que a escolha pela reinvenção através da marca também levou em consideração a qualidade da convivência com a filha. “As pessoas agora na pandemia têm sentido a necessidade de valorizar a convivência, mas há dois anos eu já sentia assim. Dei um tempo no ritmo de trabalho para engravidar, o que não foi fácil, já que antes da nossa filha, eu e meu marido entramos na fila de adoção e também perdemos uma filha. Então, valorizo muito esses momentos em família. Queria participar da primeira infância da Violeta. E foi a partir de desenhos que coloquei no quarto dela que vieram as inspirações. Na época já tínhamos nos mudado para Florianópolis, Santa Catarina, cidade linda, com praia, aí veio estalo: ia fazer uma marca de moda praia infantil para que as meninas fossem livres, se sentissem bem com elas mesmas, desde a remota infância. E que pudesse também dar oportunidade para mães que quisessem empreender, retornar ao mercado de trabalho. Além de praticar meus estudos sobre sustentabilidade assim, com o ciclo completo”, celebra Renata. E finaliza: “Trazemos concretamente para as pessoas possibilidades de gerar um consumo que tenha um sentido, propósito. Trazendo uma transformação no trabalho, no contexto de moda, quando dizemos que as mulheres se reúnem e são protagonistas do seu trabalho, com relações saudáveis. Quando conseguimos não só gerar roupas bacanas e sem resíduos, motivando pessoas a refletirem sobre a maternidade, e também se inspirando. E quando geramos para as crianças formas de crescerem mais livres, acredito que já estamos transformando. Não falamos de uma moda perfeita quando colocamos o desenho de uma criança em uma roupa, mas estamos falando de identidade, conexão. É lindo porque é único”.
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